Jornadas excessivas de trabalho, salários inferiores aos dos homens, assédio sexual, agressão física e melhores condições de trabalho são causas que afligem a maioria.
Quando se ouve falar na origem do Dia Internacional da Mulher, logo vem à memória o marco histórico ocorrido em Nova York em 1911, a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil, onde cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. Não que a história esteja errada, há de se reconhecer que a tragédia marcou a trajetória feminina nas lutas trabalhistas ao longo do século XX, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.
Jornadas excessivas de trabalho, salários inferiores aos dos homens e melhores condições de trabalho levaram organizações femininas a protestarem em diversos países da Europa e nos EUA. A primeira data celebrada foi em maio de 1908, quando cerca de 1500 mulheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA oficializou a data como sendo 28 de fevereiro. Nesse mesma data, um protesto reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.
Outros protestos ocorrerem na época e, em 8 de março de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacional que afirmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Em 1977, finalmente a data foi reconhecida oficialmente pelas Nações Unidas. É um dia para refletir e lembrar a luta feminista por uma vida mais digna e sociedades mais justas e igualitárias e o seu verdadeiro papel na sociedade.
No Brasil, a luta feminina ganhou força somente nas décadas de 20 e 30, quando após inúmeras lutas, conseguiram o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo, em 1932, na Constituição promulgada por Getúlio Vargas. De lá pra cá outros assuntos como sexualidade e violência doméstica pautaram as grandes organizações femininas. Outra grande conquista contemporânea foi a criação da Delegacia da Mulher.
Nesse contexto histórico não podemos esquecer de uma grande personagem na história da revolução das mulheres no mundo: Olympe de Gouges, francesa, que em 1791, lançou a "Declaração dos Direitos da Cidadã", onde reivindicava o "direito feminino a todas as dignidades, lugares e empregos públicos segundo suas capacidades". A frase "se a mulher tem o direito de subir ao cadafalso, ela deve poder subir também à tribuna" levou Olympe a ser julgada e condenada à morte e guilhotinada em 3 de março de 1793. Após sua morte, organizações femininas foram proibidas na França.
Mulheres no setor público - O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking de representatividade feminina em posições de liderança em cargos públicos, o Worldwide Women Public Sector Leaders Index, elaborado anualmente pela Ernst & Young (EY). Segundo o levantamento, mulheres representam 48% da força de trabalho global do setor público, mas ocupam menos de 20% de cargos de liderança no setor em países do G20.
O índice chama a atenção para o fato de que as mulheres continuam sub-representadas no setor público. O Canadá lidera a lista, seguido por Austrália, África do Sul e Reino Unido. A Arábia Saudita aparece em última colocação.
A pesquisa também considerou dados sobre a representatividade das mulheres nos conselhos do setor privado e no parlamento de cada país. O Brasil é o 5º colocado em número de mulheres em cargos de liderança no setor público, o 19º em mulheres no parlamento e o 15º em número de mulheres em conselhos do setor privado, ocupando cerca de 5% das cadeiras dos conselhos.
Dados alarmantes
- Embora muitos avanços tenham sido alcançados com a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), ainda assim, hoje, contabilizamos 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres, número que coloca o Brasil no 7º lugar no ranking de países nesse tipo de crime;
– Machismo (46%) e alcoolismo (31%) são apontados como principais fatores que contribuem para a violência contra a mulher;
– 94% conhecem a Lei Maria da Penha, mas apenas 13% sabem seu conteúdo. A maioria das pessoas (60%) pensa que, ao ser denunciado, o agressor vai preso;
– 52% acham que juízes e policiais desqualificam o problema. (Fonte: Instituto Avon/Ipsos, 2011, divulgado em 2014).
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