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Marcha das Mulheres Negras: “Contra racismo, violência e pelo bem viver”

 

Evento reúne mais de 50 mil participantes que denunciaram o preconceito sofrido nas escolas, universidades e no mercado de trabalho, além da violência doméstica.

 

Há séculos que a população negra vem lutando em busca de espaço e melhores condições de vida. Embora tenha sofrido algumas mudanças com o passar do tempo (mesmo que timidamente), esse cenário não tem tido visibilidade para a população, o que acredita-se ser um forte instrumento que favorece o preconceito no país. Para discutir o assunto e manifestar o repúdio contra temas voltados para a igualdade de direitos é que a União dos Negros pela Igualdade (Unegro) juntamente com entidades de todo o país participaram da Marcha das Mulheres Negras 2015, que esse ano teve como tema “Contra racismo, violência e pelo bem viver”. A caminhada teve início na manhã do dia 18, com o percurso de aproximadamente 5 quilômetros pelo Eixo Monumental de Brasília com mais de 50 mil participantes.

A identidade negra tem sido vista de forma negativa, sobretudo da mulher, desde a estética (cabelo, corpo) até ao papel social desenvolvido pelas mulheres, como as ações em terreiros, escolas de samba, blocos afros, e demais manifestações culturais, definidoras da identidade negra. No entanto, em meio ao advento tecnológico e a evolução da liberdade de expressão, as vítimas de racismo e machismo, como jornalistas, atores, jogadores de futebol, vêm tomando as ruas constantemente, com campanhas a fim de denunciar e banir o preconceito que vivem nas escolas, universidades e no mercado de trabalho, além da violência doméstica que, sofrem na maioria das vezes, de maneira silenciosa. Embora algumas políticas públicas voltadas para o tema tenham sido criadas, é preciso efetividade e cumprimento das leis, para que elas sejam de fato implantadas.

Tentativas de banir a violência contra as mulheres têm sido feitas, como a implantação de delegacias e disque-denúncia, mas não eficientes como deveriam ser. O mapa da violência de homicídio de mulheres, divulgado em novembro revela que entre 2003 e 2013 (último ano do estudo), o número de homicídios de mulheres passou de 3.937 para 4.762, alta de 21%. A pesquisa mostra ainda que os homicídios de negras subiram de 1.864 para 2.875 (54%). Outro dado de violência apontado pelo governo federal é com a Lei Maria da Penha (2006) que aumenta o rigor das punições para crimes contra mulheres no ambiente familiar. A violência doméstica contra a mulher negra aumentou 35%. Já o número de vítimas brancas caiu 2,1%.

As mulheres negras representam cerca de um quarto da população brasileira (IBGE-Censo 2010). São 49 milhões de mulheres negras no Brasil e, a cada 1 hora e 50 minutos uma mulher negra é morta, vítimas, na maioria dos casos, de violência doméstica. Esses dados são exemplos de como elas estão vulneráveis. É também as que mais morrem no SUS. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, os negros estão mais expostos a doenças e mortes do que brancos. A pesquisa revelou que 60% da mortalidade materna ocorre entre mulheres negras, contra 34% da mortalidade entre mães brancas. Entre as atendidas pelo SUS, 56% das gestantes negras e 55% das pardas afirmaram que realizaram menos consultas pré-natal do que as brancas, e 62% delas teve orientação sobre amamentação. O governo federal lançou recentemente uma campanha para coibir o racismo no atendimento público de saúde.

A Marcha teve uma programação extensa com atividades culturais como oficinas, dança, roda de capoeira feminina, música, sarau poético, lançamento de livros e debates. Teve importância também para a formação da comissão organizadora do encontro de Mulheres do Movimento Negro Unificado e a aprovação da carta do MNU. Mato Grosso foi representado pela Unegro com mais de 100 pessoas.

Violência sob violência - Estava tudo certo para uma mobilização pacífica que marcaria mais uma luta das mulheres negras do país. A Marcha das Mulheres Negras 2015, não foi bem do jeito que os manifestantes imaginaram. Houve confronto entre polícia, militantes do acampamento pró-impeachment e participantes da marcha em frente ao Congresso Nacional. Duas pessoas participantes saíram feridas do local e dois policiais que atiraram para o alto foram detidos.

História

A Marcha das Mulheres Negras Contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver surgiu durante o Encontro Paralelo da Sociedade Civil para o Afro XXI, realizado em 2011, em Salvador. A partir daí as mulheres negras deram início às mobilizações para a Marcha. De lá pra cá foram realizadas diversas ações entre debates, oficinas, passeatas, eventos formativos, articulações em âmbito local, regional, nacional e internacional. É uma iniciativa de diversas organizações e entidades como a CUT e coletivos do Movimento de Mulheres Negras e do Movimento Negro. Além disso conta com o apoio artistas, ativistas, gestores, comunicadores e personalidades do Brasil, América Latina e África.

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