Terça-feira, 24 de  dezembro de  2024 

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João Dourado: "Não existe emenda. Ninguém emenda desgraça"

 

Cumprindo a jornada de trabalhos extensa desta semana, no dia 10 o Sindsep-MT participou da audiência pública sobre a Reforma da Previdência, com a presença de quase mil pessoas no Teatro Cerrado Zulmira Canavarros. A iniciativa partiu do deputado estadual Valdir Barranco (PT) e contou com a presença do deputado federal Ságuas Moraes (PT), deputado Alan Kardec (PT), senador José Barroso Pimentel (PT-CE), do presidente da AL-MT, Eduardo Botelho (PSD) e representantes de várias Centrais Sindicais. 

Para Valdir, a reforma só vai piorar a vida dos trabalhadores da cidade e do campo. Para ele, o déficit da Previdência inexiste e que os dados do governo federal são falsos. O deputado afirmou que a Assembleia Legislativa vai formatar um documento que será encaminhado ao Governo Federal e ao Congresso Nacional.

Já o senador Pimentel, que já foi ministro da Previdência Social no governo Lula, disse que há superavit no caixa do órgão e que a PEC 287/2016 prejudica a camada mais pobre da sociedade. Frisou que a proposta eleva a idade da pescadora artesanal de 55 anos de idade para 65 anos. Com essa medida, cada uma delas perde cerca de 130 salários mínimos. Outra categoria, entre várias, que será prejudicada é a da educação básica. Pelo sistema atual, os professores aposentam com 25 anos de contribuição e 50 anos de idade. Mas com a nova proposta, a idade mínima para a aposentadoria passa a ser de 65 anos de idade. Um acréscimo de 15 anos.

O deputado Ságuas questionou os 500 bilhões que as grande empresas sonegam e o governo do ilegítimo coloca vários empecilhos para cobrar essa dívida e uma delas é que a Constituição não permite. “Então vou apresentar então uma PEC do recebimento dos sonegadores. Na verdade essa PEC é um desmonte da previdência pública em favor da privada.”

Em sua fala, Roberto Turin, promotor de Justiça e presidente da Associação Mato-grossense do Ministério Público Estadual disse que o MPE está muito preocupado com a reforma da Previdência e que ela seja feita feita com clareza e muita transparência, com amplitude de discussões e que a população possa de fato entender o que está sendo votado colocando o órgão a disposição dos parlamentares, sindicatos e associações “para que a gente possa contribuir e participar deste debate, que é necessário e nesse momento é uma forma de defender o regime democrático e a ordem jurídica.”

João Dourado (foto), presidente da CUT estadual, em seu discurso citou o senador Paulo Paim (PT-RS) que disse que nunca ninguém ousou desde o descobrimento do Brasil, apresentar uma proposta insana de reforma da Previdência como esse governo golpista e ilegítimo. “Por isso que nós temos que barrar a reforma e dizer não a ela. Não existe emenda. Ninguém emenda desgraça. Quanto mais você tenta emendar pior ela fica. O que está havendo é uma ruptura na nossa Constituição” disse o sindicalista e conclamou a população para o dia 15, na Praça Ipiranga, à partir das 15 horas, para o grande protesto contra a reforma desse governo ilegítimo.

Quase no final da audiência, apareceu o senador mato-grossense José Medeiros (PSD), o mesmo que participou do golpe, o mesmo que previu a queda do avião do ministro do STF, Teori Zavaski, o mesmo que recebeu apenas 10 votos (quem disse que ele não tinha votos?) na disputa pela presidência do Senado, o mesmo que participou de um jantar em um barco de luxo no Lago Paranoá, onde fizeram uma “sabatina informal” com Alexandre Moraes, indicado por Temer para o STF. Pois é, apareceu, cumprimentou a Mesa e saiu pela mesma porta que entrou. A do fundo. Passou despercebido pela plateia. As vaias vieram depois que foi anunciado que ele esteve presente.


Maria da Glória:


“Eu vou estar onde quer que seja para defender o meu direito e o seu”

Passado das 13h, muitas pessoas se retirando, umas com fome e outras tendo que ir para o trabalho. E também muita gente cansada, apesar do suntuoso Teatro Zulmira Canavarros oferecer comodidade a tod@s. Dados técnicos, muita gente falando a mesma coisa...
Mas eis que uma das últimas falas acordou a plateia. De palavreado simples, humilde, mas com raciocínio bem claro, a assessora para assuntos sindicais da NCST-MT, Maria da Glória Borges da Silva, em poucos minutos resumiu o que todos esperavam de uma audiência pública. Que deixem o povo falar. E muito!

Por isso colocamos na íntegra a mensagem da Maria da Glória, ovacionada no final do seu discurso.

“Quero parabenizar a brilhante iniciativa do deputado Valdir Barranco e dizer para os dispositivo (Mesa) aí que quando a gente vem numa audiência a gente também quer falar com o povo, então quero aqui iniciar parabenizando cada um que permaneceu. Uma salva de palmas.E eu quero agora, pedir uma vaia, uma vaia alta. para o deputado (senador) Medeiros (vaias). E eu quero também, no fundo do coração, uma vaia pro Taques (muitas vaias) e agora Fora Temer! (o mais vaiado). Gente isso tava engasgado, Valdir, na garganta de todos nóis que tava aqui. Eu levantei da minha casa hoje 4 e meia. Eu peguei 3 ônibus pra vim pra cá. (aplausos) Eu sou diabética, eu estou até agora sem almoçar, então para mim não é boa tarde. Quero aqui dizer para vocês da minha angústia. É angustiante o que vou dizer aqui. Eu comecei a trabalhar com 7 anos de idade, reconhecidos, porque aos 5 anos eu já ajudava minha mãe. E aí vem uma pessoa ou várias pessoa que nunca trabalhou na vida a não ser fazer política errada e determinar que eu só dou prejuízo, que eu não preciso me aposentar com 55 anos. (aplausos) O que vocês acha que vai acontecer. Nóis fazemos fila no SUS, nóis já temos fila nas escola pública, nóis já temos fila ni tudo quanto é lugar. Vai ter também no çumitério. (aplausos) Eu não vou obedecer esse 1 minuto que me deram. (aplausos) Vocês sabem porque vai acontecer fila no çumitério? É porque a partir deste momento, que se infelizmente for aprovado, a gente vai morrer, os velhos não vão comprar mais remédios, as mulheres não vão conseguir a se sustentar, ninguém vai conseguir se sustentar. Gente, o salário mínimo pra muita gente é...(inaudível) pra muitos trabalhadores e trabalhadoras rurais isso é dignidade (aplausos). Isso é sustentabilidade. E é isso que eles tão querendo tirar da gente. O Juraci falou muito bem da Contag. Os trabalhadores rurais, o movimento sindical, o movimento social, o povo vai se unir. E se o Temer estiver pensando que vai fazer fila, dificultamento, ele vai estar enganado. É ele que vai ser sepultado bem antes.(mais aplausos). Esse deputados estaduais, federais, senadores e governador do nosso Estado. Eles podem ser enterrados bem antes qui nóis. Isso não é uma ameaça. É que nóis sobrevive com pouco, eles não. E a gente vai tirar o luxo deles. É por isso que vão morrer então eu quero dizer pra vocês. A partir do dia 15, homens e mulheres, independente de que lado esteja, tem que estar do lado da vida. E eu vou estar lá na praça, eu vou estar lá na ponte. Eu vou estar onde que que seja para defender o meu direito e o seu. Muito obrigada”. (aplauso, aplausos, muitos aplausos)

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