Enquanto os agentes de endemias, também conhecidos por “malacos”, da extinta Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), hoje Fundação Nacional da Saúde (Funasa), lutam bravamente para que o Congresso reconheça que eles foram contaminados pelo Dicloro-Difenil-Tricloroetano (DDT) e o Malathion e desarquive a PEC 17/2014 que concede indenização e tratamento para os mesmos, o governo de Jair Bolsonaro continua tomando medidas abomináveis liberando abertamente produtos agrotóxicos proibidos na maioria dos países europeus.
Somos considerados o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), os brasileiros absorvem cinco litros de veneno a cada ano. O Dossiê Abrasco ‐ um alerta sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, diz que 70% dos alimentos in natura consumidos no país estão contaminados por agrotóxicos. Desses, segundo a Anvisa, 28% contêm substâncias não autorizadas.
O índice de mortalidade precoce dos servidores intoxicados, conforme levantamento realizado em diversos estados é gravíssima. Senão vejamos:
De 383 óbitos registrados entre os servidores intoxicados, 55,87% (224 óbitos) ocorreram em idade abaixo dos 60 anos;
Somente 12,53% (48 óbitos) alcançaram a expectativa de vida nacional que é acima dos 75 anos;
Destes, aproximadamente 90% falecerem com menos de 30 anos após contato inicial de manuseio com o DDT.
APROVEITADORES - Longe das estatísticas estarrecedoras e da luta do Sindsep-MT, em conjunto com a Condsef/Fenadsef e outras entidades do norte do país, há uma trama envolvendo uma certa associação que está prometendo “resolver” o problema como num passe de mágica. “Mas todos sabemos que não é bem assim”, alerta o presidente do Sindsep-MT, Carlos Alberto de Almeida. Segundo ele, os oportunistas de plantão estão tentando ludibriar os servidores com promessas que sabemos não é real.
“Essa luta não é para amadores. Já tivemos projeto de lei aprovado em uma Casa e barrado em outra, como é o caso da PL 3.525/2012, de autoria do então senador Marcelo Crivella (PRB), hoje prefeito do Rio de Janeiro, que concedia pensão vitalícia, no valor mensal de R$ 2.500,00, estendida aos dependentes dos ex-servidores falecidos. Foi aprovado no Senado mas arquivado na Câmara Federal por falta de recursos”, disse Carlos.
A outra foi a Proposta de Emenda à Constituição 17/2014 que concedia indenização e tratamento aos ex-servidores mas infelizmente também está hoje arquivada. Segundo o secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo da Silva, foram feitas várias iniciativas este ano com a perspectiva de desarquivar a PEC 17. “Fizemos vários memoriais a senadores e deputados, principalmente os da região Norte, relatamos toda essa situação dos companheiros da ex-Sucam com problemas de intoxicação e solicitamos para que a PEC fosse desarquivada e que continuasse a tramitar no Congresso. Infelizmente a agenda que está andando no Congresso é só para retirar os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras deste país”.
“Como podemos ver, não é num passe de mágica que se resolve o problema, como promete a tal associação”, diz Carlos Almeida. Os estados do Acre, Rondônia, Pará e Mato Grosso agora estão lutando junto com o deputado Mauro Nazif (PSB-RO) para aprovar a PEC 101/2019 que concede plano de saúde aos servidores da extinta Sucam, admitidos até 31 de dezembro de 1988 e que de alguma forma tiveram contato com o DDT.
“Enquanto entidade sindical, nós vamos lutar pela aprovação desta PEC e com a ajuda dos nossos parceiros do norte do país vamos percorrer os corredores do Congresso atrás das assinaturas necessárias”, diz.
AUDIÊNCIAS – O Sindsep-MT não mediu esforços para que o assunto fosse debatido em duas audiências com presença de centenas de servidores do estado. A primeira foi realizada em junho de 2013, em Sinop, com a participação do Secretário-geral da Condsef/Fenadsef, Sérgio Ronaldo e a grata surpresa foi a fala do “malaco” Gumercindo Fagundes Lopes que emocionou a todos no plenário da Câmara Municipal. Dias após, foi feito a audiência em Cuiabá, no auditório Renê Barbour, da Assembleia Legislativa com a presença de centenas de servidores e ex-servidores e Jussara Griffo, diretora da Condsef/Fenadsef.
Além disso, o Sindsep-MT participou de outros eventos relativos no estado e em Brasília. E o que essa tal “associação” ou o Sindsprev-MT fez até agora em favor dos intoxicados da Sucam? Quantos integrantes destas entidades, mesmo quando chamadas para participarem dos atos a favor dos sucaneiros, compareceram?
Veja abaixo alguns links das matérias publicadas no nosso site e jornal.
http://www.sindsepmt.org.br/index.php/group1/noticias/92-a-triste-sina-dos-intoxicados
http://www.sindsepmt.org.br/index.php/group1/noticias/79-sucam
Rua Dr. Carlos Borralho, 82 - Poção - CEP 78015-630 - Cuiabá - MT
Telefones: (65) 3023-9338 / 3023-6617
Email: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.